Cachorros da Rainha Elizabeth
Ao longo dos 96 anos de vida, a Rainha Elizabeth II, que faleceu no dia 8 de Setembro de 2022, teve mais de 30 cães.
A paixão por animais surgiu na infância, quando Elizabeth tinha 7 anos de idade, e morava em uma casa no Centro de Londres, onde sua família já tinha alguns cães da raça labrador e spaniel, mas sua raça preferida, era nativa do País de Gales, a Welsh Corgi Pembroke, cãezinhos extrovertidos, brincalhões e companheiros, com sua pelagem macia, patas curtas e corpo roliço.
O primeiro contato da Rainha com os cãezinhos dessa raça aconteceu quando ela e sua irmã Margaret, ficaram apaixonadas por um divertido e animado Corgi do morador vizinho.
Foi quando Elizabeth e a irmã, pediram um exemplar ao pai, o rei George VI, que comprou o primeiro Corgi da Rainha, que recebeu o apelido de Dookie, e três anos depois, foi a vez da fêmea Lady Jane se juntar à família.
Quando Elisabeth completou 18 anos, em 1944, foi presenteada pelo pai com Susan, uma cadelinha que, durante 15 anos, foi sua inseparável e fiel companheira.
Duas curiosidades comprovam o quanto a relação da Rainha com Susan era especial:
A primeira: é que a caminho da lua de mel com Philip, Susan foi escondida por Elizabeth no tapete da carruagem para que pudesse aproveitar a viagem de lua de mel junto com o casal.
A segunda, é que na lápide da cachorrinha, que está no cemitério de animais criado pela tataravó de Elizabeth, a Rainha Vitória, está gravada a frase: “Fiel Companheira”.
Susan foi a progenitora da linhagem de quatorze gerações de corgis que acompanharam a Rainha ao longo de sua vida.
Os “meninos” e “meninas”, como eram conhecidos os pets, eram tratados como membros da família, podiam passear com total liberdade pelo Palácio de Buckingham e não dormiam em nenhum dos 775 quartos do castelo, mas em uma sala dentro do apartamento privado da Rainha, onde haviam cestas de vime com almofadas que eram suspensas para que correntes de ar não atingissem os animais, os lençóis eram trocados diariamente e a alimentação, preparada por um chef, era a base de ingredientes frescos, que iam de carne bovina a frango e coelho, cortadas em pedaços pequenos para minimizar o risco dos pets engasgarem.
A paixão pelos animais, que foram imortalizados junto a ela em fotografias e pinturas, era tamanha, que no Natal, a Rainha presenteava cada animalzinho com uma meia cheia de brinquedos e biscoitos.
Enquanto a saúde da Rainha permitiu, era ela quem passeava diariamente com os animais, que sempre que possível, a acompanhavam em suas viagens, até quando eram feitas de helicóptero ou trens, e muitas vezes, quando estavam em sua companhia, os pets estamparam capas de revistas, participaram de programas na televisão, e na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, a rainha estrelou com eles ao lado do ator Daniel Craig.
A raça Corgi foi considerada ameaçada de extinção em 2014, quando apenas 274 exemplares foram registrados, mas vivenciou um renascimento quando em 2017, voltaram à moda, quando a Netflix os retratou ao lado de Elizabeth II na série “The Crown”, que narra o reinado.
Desde então, os registros de filhotes de corgis aumentaram constantemente, quase dobrando entre 2017 e 2020, de acordo com o Kennel Club, a maior organização de saúde canina britânica, que em 2018, conseguiu removê-los da lista de raças de cães em perigo de extinção.
Ainda sobre os cães da Rainha, as informações sobre a quantidade que ainda estavam sob seus cuidados recentemente, são um tanto desencontradas, mas até o momento sabe-se que são quatro os cachorros “órfãos”, sendo dois corgis de nomes Muick e Sandy; um cocker spaniel chamado Lissy; e Candy, um dorgi, que é um híbrido de dachshund e corgi.
Até agora, o Palácio de Buckingham ainda não anunciou oficialmente quem vai tomar conta dos animais, mas a imprensa do Reino Unido já começou a especular sobre o assunto. A aposta é que a responsabilidade fique para o príncípe Andrew, o segundo filho da rainha.
Segundo a escritora e biógrafa Penny Junor, que definia Elizabeth como essencialmente tímida, os pets a ajudavam a quebrar a desconfortável barreira de falar com estranhos e criaram um ponto de empatia entre a Rainha e o público, pois os cães atuavam como niveladores, já que atraiam pessoas de todas as esferas, e, no decorrer dos anos, a rainha teve amizades muito duradouras com pessoas também entusiastas de cães.
Pets que fizeram parte da história, compartilharam momentos de celebridade e viveram como reis e rainhas ao lado de sua tutora.