Cachorros e Carteiros: Por que meu cão não gosta do carteiro?
Um relato bem comum de ser ouvido em todo o mundo: meu cachorro odeia o carteiro. A Australia Post por exemplo, a empresa de serviços postais comandada pelo governo australiano, relata quase um ataque de cães por dia útil a seus carteiros.
Nesse post, vou falar sobre as razões desse comportamento dos cães em relação aos carteiros e sobre a implementação de medidas de treinamento e segurança para evitar ataques e acidentes, mantendo assim, tanto os carteiros quanto os cachorros protegidos.
Mesmo o mais tranquilo dos cães pode se tornar agressivo e estressado em algumas circunstâncias, latindo e até atacando quando o carteiro se aproxima. Existem razões comportamentais complexas pelas quais até o cão mais bem comportado pode latir ou morder. Por isso, a compreensão é fundamental, afinal, agressão ou mesmo uma simples superexcitação pode representar risco de acidente ou ferimentos aos carteiros e outros visitantes. Nessas situações, o tutor pode ser legalmente responsável e as consequências tanto para o carteiro quanto para animal de estimação podem ser graves.
Territorial por natureza
Cães são criaturas defensivas e territoriais por natureza. Eles protegem sua casa e seus tutores de estranhos, e por isso, podem ver o carteiro como um invasor em seu território. A reação natural é latir para avisar sobre a ameaça e afastá-lo. Cada vez que o cachorro late para o carteiro, que sempre vai embora para continuar seu trabalho, ele aprende que latir é uma tática eficaz para assustar, o que leva ao reforço do comportamento agressivo.
O cão pode parecer zangado, mas de acordo com especialistas caninos, também pode haver um forte elemento de medo. Se olharmos da perspectiva do cachorro, ele já afugentou o intruso nos dias anteriores, mas ele continua voltando! Isso pode ser confuso e estressante para o cão, então há o risco de que o latido se transforme em um comportamento mais extremo, como morder, para derrotar o invasor. O cachorro também pode aprender a associar os sons de uma van de entrega ou de batidas no portão com o intruso, fazendo assim, com que o pet seja acionado por uma série de sinais.
Treinamento e condicionamento
É importante começar a treinar o pet ainda jovem. Especialistas em comportamento sugerem métodos como o uso de guloseimas na hora da entrega para condicionar o cachorro a ter sentimentos positivos associados ao carteiro.
Já se o animal de estimação é mais velho e já desenvolveu um padrão comportamental negativo, é preciso evitar que ele reforce esse comportamento. Para isso, é importante manter o pet o mais longe possível do carteiro. Lembre-se que até mesmo cães amigáveis podem ser um risco se ficarem muito eufóricos para cumprimentar o carteiro no portão ou na caixa de correio.
Uma ótima ideia é utilizar os serviços de um adestrador profissional para aplicar um treinamento comportamental visando controlar as reações do pet, e dependendo da situação, conversar com o carteiro sobre as melhores maneiras de entregar as correspondências e encomendas para minimizar o risco.
Além de treinar o animal de estimação, o tutor também deve se esforçar para atuar de forma preventiva, utilizando placas de “cuidado com o cachorro”, consertando qualquer parte danificada do portão ou muro para que o cachorro não consiga alcançar o carteiro e posicionando a caixa de correio em um local seguro e de fácil acesso.
Mas o que fazer se o cachorro morder o carteiro?
Quando um cachorro morde um carteiro ou qualquer outra pessoa, pode haver diversas consequências tanto para o tutor, quanto para o pet. Tudo vai depender das circunstâncias e da gravidade do incidente.
O tutor do cachorro pode ser responsabilizado legalmente pelo incidente, o que pode resultar em ações judiciais, multas ou penalidades legais e pode ser obrigado a pagar indenização para a vítima para cobrir despesas médicas, perda de renda e danos materiais resultantes do incidente. Além disso, o tutor pode ter que arcar com os custos veterinários para tratar o pet, especialmente se ele for considerado perigoso e precisar de reabilitação, ou até ser sacrificado.
Já o cachorro, dependendo das circunstâncias e das leis locais, pode ser submetido a quarentena, colocado sob supervisão, treinado, ou como já foi dito, até sacrificado, se considerado perigoso.
Uma ótima recomendação é a contratação de um seguro de responsabilidade civil familiar, que geralmente é comercializado como uma cobertura complementar do seguro residencial, e cobre eventos danosos provocados por qualquer membro da família, incluindo a situação na qual o cachorro escapa e causa danos patrimoniais ou físicos a terceiros. Normalmente, o valor do seguro residencial com essa cobertura complementar não aumenta muito.
Para evitar essas consequências, é importante que os tutores de cachorros tomem medidas para prevenir mordidas, como treinamento adequado, socialização e garantir que o cachorro seja mantido sob controle em situações em que possa representar um risco para outras pessoas. É fundamental conhecer e respeitar as leis e regulamentos locais relacionados à posse de cães, e em casos de incidentes, procurar aconselhamento jurídico e cooperar com as autoridades e a vítima para resolver a situação de maneira adequada.
Como vimos, os motivos pelos quais os cachorros muitas vezes demonstram hostilidade em relação aos carteiros podem variar, mas frequentemente incluem instintos protetores, o desejo de defender seu território e o fato de os carteiros serem presenças incomuns que se aproximam da casa de maneira regular e rápida. Embora essa aversão possa ser vista como uma reação natural, é fundamental que os tutores dos cães se empenhem em treinar seus animais de estimação e em tomar medidas adequadas para garantir a segurança dos carteiros e de todos os que interagem com seus cães, promovendo assim um ambiente mais harmônico e seguro para todos.