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Chow Chow Ataca Tutora: O Que Podemos Aprender com Esse Caso?

No dia 5 de maio, um caso impactante ocorrido em Ji-Paraná (RO) ganhou repercussão nacional e levantou reflexões importantes sobre a convivência com cães. Natani Santos, técnica de enfermagem de 35 anos, foi atacada de forma repentina pelo próprio cachorro da raça Chow Chow, chamado Jacke, com quem vivia há cinco anos. O episódio resultou na perda parcial do lábio superior da tutora e mobilizou redes sociais e veículos de comunicação.

O ataque ocorreu logo após Natani chegar em casa e, como de costume, tentar fazer carinho no animal. Segundo ela, o cachorro rosnou, ela recuou, mas ainda assim ele avançou. Em seguida, o cão recuou, como se tivesse percebido o que havia feito. O relato foi compartilhado pela própria vítima em vídeos nas redes sociais.

Além do dano físico, Natani enfrenta agora um trauma emocional significativo. Mesmo com o apoio de um projeto social — o Projeto Leozinho, que realizará sua cirurgia de forma gratuita — ela ainda precisa de ajuda financeira para cobrir os custos com deslocamento, hospedagem e alimentação durante o tratamento.

Após o ocorrido, o marido de Natani decidiu entregar o animal à Secretaria do Bem-Estar Animal do município. Após avaliação de veterinários e adestradores, Jacke foi considerado inapto para retornar ao convívio com pessoas, e a eutanásia foi recomendada e autorizada. O casal também tem um filho de oito anos, e o risco de novos ataques pesou na decisão.

Casos como esse, embora raros, revelam a importância de compreender o comportamento canino em profundidade. Mesmo cães criados com afeto podem reagir de forma agressiva diante de determinados estímulos ou situações. Entre os possíveis fatores estão traumas, dores físicas, doenças neurológicas, medo, ausência de socialização, territorialismo e falhas no manejo comportamental.

O Chow Chow, especificamente, é uma raça que exige atenção redobrada. Conhecido por sua personalidade independente e, por vezes, reservada, esse cão pode reagir de forma agressiva se não for corretamente socializado desde filhote. Isso não significa que todo Chow Chow será agressivo, mas sim que tutores devem estar preparados e informados sobre as particularidades da raça.

O rosnado, por exemplo, é um importante sinal de alerta. Quando ignorado, pode desencadear uma mordida — muitas vezes interpretada de forma errada como um comportamento repentino ou “sem motivo”. Esses sinais sutis são, frequentemente, negligenciados no dia a dia.

Natani deixou claro que não sente raiva do animal, mas reconhece que não tem mais estrutura emocional para manter o convívio com ele. “Não quero que as pessoas se desfaçam de seus animais por causa do que aconteceu comigo. Só digo para procurarem um adestrador”, declarou em entrevista.

Esse tipo de situação impõe uma dor dupla: física e emocional. É uma perda que vai além da estética — é o rompimento de um vínculo afetivo com um animal de estimação considerado membro da família. E, mais do que nunca, reforça a necessidade de se falar sobre comportamento animal, adestramento, responsabilidade na guarda e sobre o papel de cada tutor na prevenção de situações trágicas.

A história de Jacke e Natani não é sobre monstros ou culpados. É sobre sinais não compreendidos, decisões difíceis e a necessidade de mais informação e empatia na relação entre humanos e seus pets.